Chamo-me Sónia, tenho 31 anos, moro em Fagilde e trabalho
numa empresa, em Mangualde, onde trabalham também duas das minhas três irmãs.
Sou solteira, extrovertida, sou guarda-redes, federada, de futsal e gosto de
sair e de estar com os amigos. Tenho uma família grande e unida à qual sou
muito ligada.
No dia 12 de dezembro de 2012, poucos dias depois de uma
consulta de rotina, fui a uma nova consulta onde me foi diagnosticado um
problema muito grave no útero que, ao que tudo indicava, seria cancro. Nesse mesmo
dia fiz uma biopsia.
Quando saí daquele consultório senti-me perdida, parecia que
o mundo tinha desabado, sentia-me confusa e sem força para nada. Fui para casa,
liguei às minhas irmãs e fechei-me no quarto. Chorei até me doer o peito!
Porquê eu?! Pensamos sempre que essas coisas nunca acontecem a nós. É um misto
de sentimentos, um desespero interior, uma sensação estranha que nos faz pensar
em desistir de tudo.
Ao outro dia voltei ao trabalho. As minhas irmãs,
desesperadas e lavadas em lágrimas, tinham contado ao nosso patrão, o Hermínio,
o resultado da minha consulta. Ele chamou-me à parte, perguntou-me o que me
tinha dito o médico concretamente e, vendo a gravidade da situação, ofereceu-me
ajuda, pois avizinhavam-se uns dias muito difíceis até saber o resultado da
biopsia.
Interessa referir que sou uma pessoa crente, sou católica,
praticante, e sou catequista há muitos anos. Por trabalhar na empresa do Hermínio
há já alguns anos, conheço-o bem como pessoa assim como ao seu dom da cura.
Aceitei de imediato a sua ajuda abrindo-se uma porta de
esperança de que tudo não iria passar de um susto e tudo acabaria bem. Nessa
semana comecei a ter sessões com ele e iniciei os tratamentos. Aliás, as
sessões de tratamento passaram a ser a minha prioridade.
Falei com a minha treinadora, que é também uma das minhas
melhores amigas, que me dispensou de todos os treinos que coincidissem com as
sessões. A minha equipa apoiou-me em tudo, dedicou-me golos e vitórias, as
minhas amigas e família estiveram sempre ao meu lado, apoiavam-me,
distraiam-me, tentavam animar-me de todas as maneiras possíveis. Mas por vezes
dava comigo a chorar sozinha no quarto. Todo o espírito natalício, todas as
luzes de Natal, frases de esperança, toda a época de festa contrastava com a
minha tristeza, a minha impaciência e pressa em saber o resultado da temerosa biópsia.
A ajuda do Hermínio foi como uma bênção durante todo este tempo.
Como referi, iniciei as sessões ainda nessa semana. Na
primeira sessão fui sozinha. Entrei, sentámo-nos junto a uma mesa, de forma
informal, com música ambiente, e começámos a conversar. Cerca de trinta minutos
depois, o Hermínio disse que estava tudo preparado e mandou-me deitar numa
maca. Não notei nada de diferente mas agora sei que aquele período de
conversação servia como preparação, quer a nível psicológico quer a nível
espiritual.
Deitei-me na maca, o Hermínio mandou-me fechar os olhos e
concentrar-me apenas na música de fundo, abstrair-me de todos os pensamentos,
esvaziar a mente, “relaxar, descontrair e não pensar em nada”. Esta fase da
sessão durou 40 minutos, cronometrados. O Hermínio colocou as mãos sobre o meu
corpo; senti a presença de algo sobrenatural, como se alguém invisível estivesse
presente. O Hermínio explicou-me, então, que estavam presentes Guias de Luz, ou
seja, entidades espirituais que vêm para ajudar. As minhas mãos começaram a
ficar dormentes e o meu corpo alternava entre gélido e cálido, como se
estivesse com suores frios.
Desde a primeira sessão, senti uma fé inexplicável. Numa das
sessões cheguei a sentir a presença de uma criança mesmo ao meu lado, cuja
identidade nunca me foi revelada.
O Hermínio marcava-me as sessões de acordo com a sua
disponibilidade; às vezes até me chamava durante a hora de trabalho, devido à
agenda preenchida.
A partir da quarta sessão, pediu-me que as minhas irmãs e a
minha avó me acompanhassem. As minhas irmãs para me darem apoio e a minha avó
para o ajudar, pois ela é medium, ou
seja, através dela é possível comunicar com espíritos, almas que já partiram.
Ora, segundo o Hermínio, cada um de nós tem Guias de Luz, que
vulgarmente chamamos de Anjos da Guarda. O objetivo dele ao chamar as minhas
irmãs e avó para assistir às sessões era reunir o máximo de Guias de Luz
possível. A verdade é que, com a presença delas, as sessões tornaram-se mais
intensas porque contávamos com o apoio de mais Guias de Luz e tínhamos ainda a
possibilidade de alguma entidade espiritual encarnar na minha avó. A partir daí
aconteceram coisas que jamais conseguirei esquecer e momentos que nunca
conseguirei explicar.
Numa sessão, depois de iniciada e de já estar deitada na
maca, senti-me estranhamente controlada; as minhas mãos levantaram até à zona
do útero, ficaram estáticas durante dois a três minutos, depois deslizaram
sobre o meu corpo até à zona do peito, sempre sem me tocar, e acabaram por
pousar na maca novamente. Ainda hoje estou para saber como aquilo foi possível.
Muitas outras sessões se seguiram, cada uma especial à sua
maneira, até ao dia da consulta. A consulta estava marcada para dia 14 às 14
horas e, finalmente, ia saber o resultado da biopsia.
O médico estava com ar apreensivo, quando cheguei. Disse-me,
então, que a minha situação era grave pois eu tinha uma “Displasia Grave, CIN
III, Lesão Infra Epitelial de Alto Grau”, ou seja, início de cancro em estado
extremamente avançado. Tentou acalmar-me, disse que eu não podia perder a
esperança pois sabia de alguns casos que os pacientes conseguiram curar-se e
recusava-se a usar o termo “cancro”. Comecei a chorar como se nada mais
importasse. O médico disse-me que era necessário fazer uma mini cirurgia
chamada Conização que consistia em retirar um pouco de tecido uterino em sítios
específicos, formando um cone, que permitia, após análise, saber se a lesão
estava localizada ou se estava espalhada pelo útero. Confesso que é uma
cirurgia bastante dolorosa e embaraçosa. Fiquei com o útero bastante inchado e
com ferida interna durante cerca de três semanas.
Ao outro dia contei ao Hermínio o resultado da biópsia.
Calmamente, relembrou-me que era normal que as nossas sessões ainda não se
refletissem nestes resultados pois só começámos o tratamento depois de eu fazer
a biópsia por isso era normal que não houvesse nenhuma novidade nos resultados.
Mas, mesmo assim, resolveu intensificar os nossos tratamentos.
A partir daquele momento, parece que alguma coisa me estava a
dar força. Já sabia ao certo o que tinha e estava mentalizada para o pior; sabia
que tinha que estar preparada para os tratamentos médicos que me reservava o futuro
por isso tinha que continuar a ter fé e continuar a lutar, porque enquanto há
vida há esperança.
Poucos dias depois, vivi a sessão mais marcante e emotiva de
todas, momento que jamais esquecei em toda a minha vida.
Pouco depois de iniciar a sessão, comecei a sentir-me fraca,
sem forças e a querer desmaiar. Levantei-me de repente mas comecei a tremer
muito e a ficar gelada por dentro. O Hermínio tentou acalmar-me e segundos
depois voltei a deitar-me na maca. De repente, pediu-me desculpa mas tinha que me
tocar e de seguida colocou as mãos sobre a minha barriga; começou a pressionar,
com força, a região do útero, acabando por se colocar em cima da minha barriga,
para aumentar a pressão sobre o meu útero. Quando me apercebi, eu estava a
chorar, muito assustada. Naquele momento, baixou um espírito na minha avó que
veio ajudar a acalmar toda aquela situação. Demorou algum tempo mas conseguimos
terminar a sessão. O Hermínio ficou completamente esgotado. Transpirava de
cansaço. Eu e as minhas irmãs estávamos muito assustadas com tudo que se tinha
passado, sem conseguirmos perceber o que realmente tinha acontecido ali. O
Hermínio acabou por nos explicar que eu tinha um bloqueio, ou seja, alguém que
morreu com o mesmo problema que eu tinha-se encostado a mim. É sempre
necessário que a sessão termine como deve terminar para que nada aconteça
depois de sairmos de lá.
Continuei a ir regularmente às sessões até ao dia 4 de
fevereiro, data em que fui saber o resultado da Conização. Mais uma vez ia
mentalizada para o pior e preparada para tudo mas no fundo tinha esperança que
a lesão estivesse localizada e os tratamentos médicos fossem menos dolorosos e
perigosos.
Ao chegar ao consultório, o médico ironicamente perguntou-me
o que tinha ido lá fazer. Respondi-lhe que queria saber o resultado do exame e
qual a cirurgia que ia fazer de seguida. Ele disse que não compreendia como mas
eu estava curada, não precisava de cirurgia nenhuma e não sabia como explicar o
que tinha acontecido pois parecia um milagre, tendo em conta os resultados da
biópsia e dos primeiros exames. Acrescentou que apenas ia continuar a ser
seguida em consultas de rotina até estar completamente curada.
Quando saí do consultório senti-me a pessoa mais feliz do
mundo. De repente tudo parecia ter ganho brilho novamente, parecia que tinha
renascido, acordado de um pesadelo. Liguei para casa, para as minhas irmãs que
estavam no trabalho, para as minhas amigas e amigos… queria partilhar a minha
felicidade com todos os que estiveram sempre ao meu lado durante estes dois
meses que pareceram uma eternidade. Mal cheguei à empresa corri para contar
tudo ao Hermínio. Ao ouvir o que eu dizia, notei o quanto ficou feliz, estava
radiante mas ao mesmo tempo surpreendido com o rápido efeito do “nosso”
tratamento.
Mais tarde vim a saber por uma enfermeira, minha amiga, que o
médico tinha comentado que nunca pensou que eu me safasse desta.
Para mim e para quem me acompanhou de perto, a minha cura foi
um milagre que me aconteceu e apesar de não ir com tanta frequência, continuo a
frequentar as sessões do Hermínio porque me sinto bem, sinto-me em paz e tenho
muita fé no seu dom curativo.
Quero agradecer do fundo do coração:
Ao Hermínio pelo milagre que me
concedeu,
À minha família, por me mostrarem o
verdadeiro Amor e valor da nossa união,
Aos meus amigos e amigas que me
ajudaram a nunca desistir,
Ao Dr. Sousa Martins, à Mariana e à
Santa Alexandrina por estarem sempre presentes, e a todos os Guias de Luz que
me acompanharam e sempre acompanharão!